O amor de Deus é inclusivo
O Princípio da Igualdade é previsto pela Constituição Federal, 1988. O artigo 5º traz em seu caput, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. ”
Sob o mesmo ponto de vista, todos iguais perante a lei, e partindo do entendimento da evolução do ser humano, nós como um todo; somos muito diferentes.
O mundo é feito pela diversidade
Todos possuem suas divergências e peculiaridades. Sendo elas físicas, culturais, sociais, ou de pensamentos. Dessa forma, para que todas as pessoas sejam respeitadas por suas diferenças e ainda sim, tratadas com igualdade, existem diversas políticas de inclusão.
No dicionário, o termo inclusão é definido pela “Integração absoluta de pessoas que possuem necessidades especiais ou específicas numa sociedade”. (https://www.dicio.com.br/inclusao/)
O meio social comumente trata comunidades isoladas e aleatórias como sendo os grupos de minoria. Que inclusive são os mais vitimados pelo ódio, violência gratuita, intolerância e preconceito. São parte destes grupos, os indígenas; os negros; os portadores de alguma deficiência motora, física ou de intelecto; pessoas de baixa renda; os LGBTQIA+, entre outros.
Geralmente, a massa social aborda as pessoas desses grupos com parcialidade.
Generalizam o crime nas periferias. Não respeitam o espaço de locomoção dos deficientes.
Vitimam negros apenas por terem nascidos. Dizimam gays apenas por serem quem são.
Os grupos de minoria são em muitos casos, considerados a escória da sociedade.
Por outro lado, as políticas de inclusão estão ganhando espaço e voz nos meios sociais, culturais, esportivos e outros ao redor do mundo. No âmbito trabalhista, muitas empresas procuram integrar pessoas com deficiência (PCD) em seus quadros colaborativos. Tratando todos com igualdade, as pessoas com deficiência têm a oportunidade de provar a competência de seus trabalhos.
O amor de Deus é PLURAL
No que diz respeito ao mundo espiritual, a teologia inclusiva está presente dentro de algumas igrejas e templos religiosos. Tendo como prioridade o amor ao próximo e o conceito de Deus não faz acepção de pessoas, essa teologia abraça e acolhe a todos, sem distinção.
Esse trabalho tem resgatado cada vez mais pessoas das ruas, dos enganos, do suicídio e salvado as almas daqueles que foram jogados ao precipício.
A Pastora Mônica Souza diz que nos dias atuais, a fé tem papel fundamental na vida de todos. E diante das situações adversas, a tendência do ser humano é ver a esperança se esmorecer. Nesse sentido a fé em Deus auxilia no alento e aumenta a esperança de dias melhores. A igreja inclusiva, oferece ao público LGBTQIA+ a possibilidade de exercer a fé de forma plena, bem como ser participante da graça, uma vez que a orientação sexual não é uma opção.
Assim, a pastora acredita que o amor de Deus revelado em Cristo Jesus, seja suficiente para incluir a todos, sem acepções e exceções.
“A possibilidade de todas as pessoas poderem se achegar com fé diante de Deus e receber a sua graça, tem sido o estandarte da igreja inclusiva”, ressalta a Pastora Mônica, da Comunidade Cristã Renascer, em Goiânia (GO).
Na cidade de Três Lagoas (MS), está localizada a Igreja Inclusiva Sou Casa, que tem como objetivo principal oportunizar a todos a chance de congregar e adorar de uma forma acolhedora e receptiva. Pois a palavra do Senhor diz que Deus não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.
A bispa desta congregação, Daiane Lopes, revela que Deus é atraído pela pureza de nosso coração. E que pouco importa se seu cabelo é colorido, se tem piercings e tatuagens; isso não faz diferença para Deus. “ Não se sinta inferior por ser homossexual ou trans, Deus te ama do mesmo jeito”, conclui.
Daniel Miguel se reconhece como homem trans, e é membro da Sou Casa. Ele relata se sentir muito bem e vivo. Apesar de ter sido rejeitado em alguns ministérios de outras igrejas.
“A Igreja Inclusiva apareçeu na hora certa. Me sinto amado e sou respeitado diante o meu gênero. É maravilhoso poder ser livre e adorar a Deus. Sem medo dos olhares de julgamento. Nesta igreja eu sou aceito. Sem medo de me expressar e demonstrar quem realmente sou.”
Do mesmo modo, Kethelyn Ribeiro, também voluntária desta comunidade e mulher trans, diz o quanto a sua vida mudou após ter conhecido a teologia inclusiva.
Ela conta que vivia no pecado e no mundo. Era uma pessoa vazia e arrogante. Não tinha misericórdia com o próximo. Não pensava nas consequências de seus atos. Era depressiva. Trocava o dia pela noite. Não tinha mais fé e tampouco esperança.
” Eu resistia aos convites para assistir o culto mas já podia sentir Deus me tocar. A persistência que a Bispa teve em orar pela minha vida mesmo eu não indo, ajudou a quebrantar o meu coração. Quando resolvi ir à igreja tudo mudou.
Daquela noite em diante eu não consegui mais faltar. Senti a presença do Senhor e então comecei a mudar minhas atitudes. Ainda erro, não sou santa. Somos falhos.
Mas Deus é maravilhoso. Sentir o seu amor e buscar a sua justiça acima de todas as coisas é o remédio para tudo.”
Emocionada a jovem revela que pretende ministrar a palavra e crê que suas vitorias estão nas mãos do Senhor.
Além dessas, no Brasil e no mundo existem outras igrejas e espaços religioso destinados ao público LGBTQIA+.
A Igreja Contemporânea Cristã, do Rio de Janeiro, a Cidade Refúgio e a NOVA IBAN, ambas em São Paulo, são outros exemplos.
O preconceito dentro das religiões
Antes de mais nada, desde junho de 2019, é previsto por lei que homofobia é considerado crime no Brasil. O ato criminoso é punido através da Lei de Racismo (7716/89), que hoje prevê crimes de discriminação ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião e procedência nacional.
Contrapondo a doutrina inclusiva, o que acontece com os homossexuais dentro de certos templos e igrejas convencionais, é um verdadeiro filme de horror. São constantes cenas ultrajantes, torturantes e desumanas. Lugares onde deveriam ser poços e nascentes abundantes de bons frutos do espirito, batismo, como tolerância, amor e perdão. Não obstante, em realidade os gays são expulsos, rejeitados e excomungados destas chamadas “casa de Deus”.
Alastrando o ódio, certos ministros do evangelho usam da religião para alimentar e justificar seus preconceitos. Recentemente uma pastora e cantora gospel bastante influente em seu meio, despejou sobre a mídia social seus frívolos argumentos. Declarou que a homossexualidade é uma escolha. “E que quando se escolhe ser gay, que é um pecado, há consequências… inclusive, a AIDS está aí para mostrar que a união entre dois homens causa uma enfermidade”, contou a pastora. (Disponível em https://catracalivre.com.br/cidadania/ana-paula-valadao-faz-fala-homofobica-e-culpa-gays-por-aids/)
Outro cantor gospel, também pastor e irmão da supramencionada, divulgou em sua rede social uma sucessão de comentários homofóbicos.
Entre suas palavras de manifesto, o pastor alegou que a igreja não é lugar para os homossexuais. “Eles podem ir para um clube gay ou coisa assim, mas na igreja não dá. Esta prática não condiz com a vida da igreja. Tem muitos lugares que gays podem viver sem qualquer forma de constrangimento, mas na igreja é um lugar para quem quer viver princípios bíblicos”, confessou o dito.
(Disponível em: https://catracalivre.com.br/entretenimento/andre-valadao-diz-que-casal-gay-nao-pode-ir-a-igreja/)
Entretanto, uma vez que a homossexualidade é tratada como pecado, ocorre uma série de conflitos. Primeiramente, se a orientação homossexual é mesmo pecado, por que não aceitar os gays e orar para que o Espirito os convençam?
Depois, a verdadeira casa de Deus não é aquela que abomina o pecado mas ama o pecador?
E ainda, se acreditam que a homossexualidade seja pecado, opção ou doença, por que não ofertar ajuda ao invés de popularizar a cultura do preconceito?
A mente do excluído
Maria do Céu, servia fielmente à um templo religioso até decidir ser justa com ela mesma e com Deus, revelando a todos sua orientação sexual. Ela se viu completamente sozinha quando aqueles que se diziam “seus irmãos” viraram-lhe as costas, taparam os olhos e ouvidos e deram de ombros. Do Céu foi desassociada e excomungada.
Por muito tempo, realizou terapias energéticas para perdoar a mágoa que a religião a causou. Sempre que Maria conversava sobre o que lhe acontecera, essa mágoa ia sendo alimentada. E antes que esse transtorno pudesse se transformar em um câncer, Céu resolveu que não iria mais tocar no assunto. Desconversando e tentando olhar somente o que foi bom da época da igreja, ela percebe o quanto ganhou sendo expulsa.
Rafael e Aurélio são casados há mais de dez anos e juntos adotaram cinco crianças. Aurélio foi criado numa família tradicional que sempre se reúne para práticas de pequenos cultos domiciliares.
Quando chega o casal, o Pastor sai arrotando prepotência. Diz não ser obrigado a permanecer no mesmo ambiente e nem os cumprimenta. Ou quando a autoridade religiosa chega saudando a todos com a paz do Senhor, vê o casal e os ignora arrogantemente. E novamente se afasta.
O mencionado Pastor não permite que Rafael e Aurélio frequentem a sua igreja. Os filhos adotivos do casal são benvindos somente se estiverem sem a companhia de seus pais.
Estes depoimentos acima são de pessoas que sentiram na pele e na alma, o peso da exclusão. As historias são verdadeiras e aconteceram com pessoas reais. Porém seus nomes foram trocados para preservar suas identidades enquanto compartilhavam suas dores.
“Independentemente da polêmica que o tema gera, ele tem, a cada dia, desafiado as igrejas a refletirem sobre os desafios pastorais e diaconais que os enfoques da teologia inclusiva apresentam. Muitas famílias que vivem a experiência de um filho ou uma filha descobrir e assumir a sua orientação sexual precisam de uma palavra amorosa e acolhedora das suas lideranças religiosas. A condenação não é coerente com o evangelho”, opina a secretária-geral do CONSELHO NACIONAL DE IGREJAS CRISTÃS DO BRASIL (CONIC), Romi Bencke. (Dados fornecidos pelo site https://www.conic.org.br/portal/noticias/2577-igrejas-inclusivas-uma-realidade-cada-vez-mais-presente)
O amor de Deus é para todos
A doutrina inclusiva resiste em meio ao caos da rude intolerância, da falta de empatia e do amargo preconceito. Frequentemente essa teologia sofre uma intensa e exorbitante condenação.
Em síntese, as igrejas inclusivas fundamentam-se no exercício contínuo e diário do amor.
Amor próprio e aceitação pessoal. Aceitar e amar o seu próximo como a ti mesmo. Seja o próximo quem for!
E antes de tudo, amar a Deus sob todas as coisas. Afinal, AMAR é o mandamento.
Por Ana Luz Borges, para Revista Society
2 respostas
Como é maravilhoso esse amor de Deus!
Cada dia vemos o seu milagre em nossas vidas!
A Graça e a misericórdia do Senhor está estendida a todos nós e como é maravilhoso ver o agir de Deus sobre nossas vidas, o amor dEle nos constrange tanto é nos mostra o quanto somos pequenos em julgar ao invés de amar.