Quando falamos sobre aprender línguas novas sempre pensamos em Inglês, Francês, Espanhol e esquecemos de dar visibilidades as línguas que estão presentes em nosso país, a variedade cultural que pode estar do nosso lado. O assunto é algo muito pautado em diversas reuniões, tendo como o período de 2022 a 2032 a Década Internacional das Línguas Indígenas, conforme declarou a Unesco no dia 17 de dezembro de 2019, durante as atividades de encerramento deste ano internacional das línguas indígenas.
Uma inciativa extremamente importante pois alerta para visibilizar a diversidade linguística do mundo, mas também para que atentemos para a fragilidade destas línguas, aliás, das condições de vida e existência de seus falantes. Sobretudo num contexto onde seus territórios não são respeitados e estão ameaçados; a diversidade cultural e linguística não são respeitadas e os agentes sociais falantes destas línguas são estigmatizados.
Neste ano de 2020 conseguimos enxergar isso nitidamente, com a pandemia da covid-19 e com focos de queimadas em varias regiões aonde habitavam tribos. Muitos abriram os olhos diante a esse assunto e começaram a agir para mudar esse cenário.
Atualmente no Brasil, são faladas entre 160 e 180 línguas indígenas de diversas famílias linguísticas, e em diferentes estágios e situações de vitalidade. Não temos um retrato da situação sociolinguística das diversas etnias do nosso país.
E o que vemos muitas das vezes é um silenciamento dos falantes dessas línguas. E a naturalização dessa atitude, pois crenças e percepções que acompanham a nossa sociedade levam um certo preconceito em seus pensamentos.
“… eles se sentem inferior porque falam língua indígena…todas as línguas são bonitas, mas com o português a gente se acha mais bonito, mais superior…” (Indígena Paumari);
“Meus filhos falam que nossa língua é diferente, é pesada…. Eles acham o Paumari uma língua feia, mas eu digo para eles que é bom falar outras línguas para os brancos não entenderem, mas eles dizem que Paumari é feio justamente porque os brancos não entendem. Dentro de casa, a gente fala tudo entremeado Paumari e Português por isso eu falo que é misturado igual carne com banha… Meus filhos começam a mangar de mim quando eu falo com eles em Paumari.” (Indígena Paumari);
E assim vemos uma nova geração que vai abandonando sua língua materna de extrema importância cultural para si mesmo e também para o país, por crenças que foram inseridas as essas pessoas que acabaram se condicionando a pensamentos de uma sociedade, pois ninguém abandona ou “desiste” de sua língua materna porque quer. São diversos os fatores, situações, contextos, trajetórias que levam um indivíduo “perder” sua língua.
Por isso um dos principais problemas indígenas, hoje, é o da perda da identidade cultural, pois alguns grupos além de estarem perdendo o costume da língua, estão também perdendo as tradições, costumes.
Uma das saídas para que não a cultura não se perca é registrar e fazer documentações dos contos, cantos e mitos das comunidades. E promover a revitalização das línguas indígenas, para que ao longo das décadas a cultura fosse passada de gerações a gerações.
Fontes: amazoniareal.com.br
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